Desconcertos Editora |
Poesia Vai à Feira
Olha aí a poesia madura minha senhora!!!
Aproveita moço, o verso hoje está doce, mais doce que o doce de batata doce
Tem rima para a mocinha...
Métrica de moleque
Haicai fresquinho dedicado à tenra idade
Tem amores e amoras...
Tem estrofe para toda gente .
Quer poema mais bonito que um alface?
Então repara no repolho roxo
Poesia está no olho !
E até na orelha do livro
Dita ou escrita
Nisso ou naquilo
Poesia é a vida
Olha aí a poesia madura minha senhora!!!
Aproveita moço, o verso hoje está doce, mais doce que o doce de batata doce
Tem rima para a mocinha...
Métrica de moleque
Haicai fresquinho dedicado à tenra idade
Tem amores e amoras...
Tem estrofe para toda gente .
Quer poema mais bonito que um alface?
Então repara no repolho roxo
Poesia está no olho !
E até na orelha do livro
Dita ou escrita
Nisso ou naquilo
Poesia é a vida
** Poema feito exclusivamente para a VI Feira do Livro Infantil de Fortaleza ( 2015 ) da qual a escritora participou como autora e contadora de histórias
Vestígios
Na guerra de egos, toda vida morreu ferida ...
Sem cura,
sem anestesia,
sem poesia....
UM TANTO DE JOIO E OUTRO DE TRIGO
Num amanhã póstumo,
duas cabeças contra parede ...
No mais ,
luz fria da despedida esquecida nos bolsos daquele dia ...
Dei!
Num amanhã póstumo,
duas cabeças contra parede ...
No mais ,
luz fria da despedida esquecida nos bolsos daquele dia ...
NO CAMINHO
Prefiro a estrada atravessada na garganta a seguir seu passo em vão .....
LÍQUIDA
Igual fosse a primeira vez à avistar o mar , antes de tudo e mais nada , amei para sempre ...
Dei! um poema para quem tem fome
E
já lavou a sujeira de um banheiro de choro....
Morreu um pouco de espelho
Antes de
Lavar a face da sobrevivência
Sozinho
Comeu a vida pelas beiradas, com os dedos ...
Bebeu àgua na fonte...
Subiu uma escada molhada...
Construiu pontes...
Desceu as ladeiras de Santa Teresa ...
Deitou - se no alto de um monte ou de um rinosceronte imaginário
Bailou com o desconhecido ...
Assoprou uma ferida para longe ...
Aceitou " uma mão" ...
Deu todos os dedos num carinho
" Com - versou com uma gaivota ...
Almou um dia ...
Amou sem ser amado
...
Amou acompanhado...
Para meninos (as) que sem notícias do impossível sonharam ...
Aos " sem" "vergonhas "
Às begônias ...
Dei ! um poema à força da vontade ...
Para toda criança banguela ...
E cachorros em geral ...
Além dos poetas....
Dei! um poema aos palhaços e anjos ...
Corações risonhos ...
Um andarilho
Uma mãe de vários filhos ...
Um ventre grávido de desejos ...
Aos que tem medo e esquecem ...
Aos que lembram de contemplar estrelas...
À qualquer um que ame desaguar -se no mar ...
Dei ! um poema
À quem canta no chuveiro ...
E à quem dança seu silêncio
Respeita um papagaio ...
Sabe ser simples ...
Flerta com o improvável ...
Convive com o inacreditável
Sobreviveu ao desemprego ...
Ao Desamparo ao mar bravo
Já perdoou e foi perdoado...
Para o silêncio do mato...
Dei aos montes
Lagos...
Afetos ...
Os animais selvagens
Pessoas indomáveis ...
Aos eclipses lunares ...
Aos pares ...
Assim como aos ímpares ...
E eternamente às àrvores ...
Dei! um poema absoluto
Sem necessidade
Diante do fluxo de vida em qualquer veia
BE –a- BA
Palavra alguma remenda coração. A vida rasga parte da gente, de uma forma ou de outra. Nada se esvai, no entanto. Os poços sem fundo são apenas imaginários.
Costurar as feridas perdidas no mundo com rimas é armadilha fácil, que tenta escritores e tenta leitores, tanto quanto beijo de canto de boca. Comunhão absoluta esta vontade mútua de tecer colchas de retalho apenas bonitas para nosso desamparo de existir por aí ...
...
Palavra alguma remenda coração. A vida rasga parte da gente, de uma forma ou de outra. Nada se esvai, no entanto. Os poços sem fundo são apenas imaginários.
Costurar as feridas perdidas no mundo com rimas é armadilha fácil, que tenta escritores e tenta leitores, tanto quanto beijo de canto de boca. Comunhão absoluta esta vontade mútua de tecer colchas de retalho apenas bonitas para nosso desamparo de existir por aí ...
...
Assim passamos a vida escolhendo as melhores palavras , quando somente o silêncio de olhares cúmplices diz sobre importâncias indisfarçáveis ....
Antes achei que escrever era registro do pensar. Que besteira. Só escreve, mesmo, quem se esquece. O resto é desabafo. Também vale .
Têm também os contos fantásticos, das realidades inconscientes. Somos todos sobreviventes ou fugitivos de guerras nem tão particulares assim. Como desconfiamos, a neurose é mãe de todos.
Sem pensar , diria que parir palavra é roçar dores e alegrias, no mesmo cio que impede o julgamento. É também a coragem de matar um outro jeito de perceber . E haverá parágrafos inteiros em eterna fuga destas nossas resoluções. Além daquela falta de notícias dos versos amorfos, que não crescem nem morrerm , assim feito amores impossíveis. Espécie insuportável de eterna coceira.
Mas mesmo cientes de perigos iminentes, a paixão pela frase desconhecida nos acontece avassaladora. Como algo que finalmente fará sentido . Virá letra por letra para contar melhor nossa história à nós mesmos.
Quanta irresponsabilidade caberá no risco de encarcerar a liberdade de todas as hipóteses num único eco por escrito?
E afinal quem paga o pato da poesia de proveta, nascida à fórceps e herdeira de nossos despudorados desesperos ?
Não importa! Se em nossos umbigos agitar-se-ão, de qualquer maneira, verbos embrionários do que tem de ser . Eu confesso que encadeio preces por estas palavras sinônimas de destino.
Quem sabe no futuro esteja preparada para dizer que escrevo sobre o sagrado do nada, daquilo que não tem nem carece explicação e por isso mesmo mais se assemelha a amar . Por gosto . Por gozo . Porque sim . Porque pronto é isso e não terá fim .
Por hora ainda há muito chão para ler primeiro. E seja como for que a vida seja uma história que valha a pena em cada letra do Be a Ba ...
Antes achei que escrever era registro do pensar. Que besteira. Só escreve, mesmo, quem se esquece. O resto é desabafo. Também vale .
Têm também os contos fantásticos, das realidades inconscientes. Somos todos sobreviventes ou fugitivos de guerras nem tão particulares assim. Como desconfiamos, a neurose é mãe de todos.
Sem pensar , diria que parir palavra é roçar dores e alegrias, no mesmo cio que impede o julgamento. É também a coragem de matar um outro jeito de perceber . E haverá parágrafos inteiros em eterna fuga destas nossas resoluções. Além daquela falta de notícias dos versos amorfos, que não crescem nem morrerm , assim feito amores impossíveis. Espécie insuportável de eterna coceira.
Mas mesmo cientes de perigos iminentes, a paixão pela frase desconhecida nos acontece avassaladora. Como algo que finalmente fará sentido . Virá letra por letra para contar melhor nossa história à nós mesmos.
Quanta irresponsabilidade caberá no risco de encarcerar a liberdade de todas as hipóteses num único eco por escrito?
E afinal quem paga o pato da poesia de proveta, nascida à fórceps e herdeira de nossos despudorados desesperos ?
Não importa! Se em nossos umbigos agitar-se-ão, de qualquer maneira, verbos embrionários do que tem de ser . Eu confesso que encadeio preces por estas palavras sinônimas de destino.
Quem sabe no futuro esteja preparada para dizer que escrevo sobre o sagrado do nada, daquilo que não tem nem carece explicação e por isso mesmo mais se assemelha a amar . Por gosto . Por gozo . Porque sim . Porque pronto é isso e não terá fim .
Por hora ainda há muito chão para ler primeiro. E seja como for que a vida seja uma história que valha a pena em cada letra do Be a Ba ...
PÁSSARO TEMPO
Quero um tempo a sós comigo
Itinerante
Bem além do relógio , que percorra meus cantos de solidão e minhas salas de amoras ,...
na mesma elegância da falta de pressa...
Quero um tempo a sós comigo
Conciliado com toda circunstância e imune à qualquer uma das minhas loucuras
Quero um tempo a sós comigo
Intenso e fundo feito o rio
Eterno e farto igual leite de peito
Quero um tempo a sós comigo
Vagabundo e inocente ,
que me cubra feito fosse um manto santo
Quero um tempo a sós comigo
Tão vasto quanto o nada ,
Para acalmar minha vista de todo cansada ....
Quero um tempo a sós comigo ,
De coito
Ininterrupto
Com meu coração ....
Itinerante
Bem além do relógio , que percorra meus cantos de solidão e minhas salas de amoras ,...
na mesma elegância da falta de pressa...
Quero um tempo a sós comigo
Conciliado com toda circunstância e imune à qualquer uma das minhas loucuras
Quero um tempo a sós comigo
Intenso e fundo feito o rio
Eterno e farto igual leite de peito
Quero um tempo a sós comigo
Vagabundo e inocente ,
que me cubra feito fosse um manto santo
Quero um tempo a sós comigo
Tão vasto quanto o nada ,
Para acalmar minha vista de todo cansada ....
Quero um tempo a sós comigo ,
De coito
Ininterrupto
Com meu coração ....
ALVA
Deu
Face alva à tua faca
"só-mente" poesia a atravessaria ...
PÔ !EMA
EMA! EMA! EMA ! Cada um com seus poemas ...
E se?
O tal do Verso
fosse o pai , o filho e o espírito
santo?
poesia concreta
Ou
Invento
...
Passarinho
ou canto
Poesia
que põe mesa
Ou quebra
Menina banguela é rima
E idoso maroto
haicai ...
Sem falar
do poema que é um pai ...
Na mata ,
no varal, na ponta da língua , no vão cílio, na alegria e na agonia,
vixe
Maria onde cabe tanta poesia em barriga
vazia ¿
Em um
tudo há um encanto encardido sim a gente
sabe
Na massa
No cimento
Na magia da mão
Na estrada
Pô! Ema !
Ema! Ema! Ema !
Haverá
métrica mais contente, que bolo de fubá quente acontecendo na boca da gente¿
Bocas são
irmãs
E
Há poetas por
todos os lados, entre os famintos
E cada lua nasce e morre poetiza nata
Soberanamente não verbal
Céu de graça alimenta barriga vazia todo dia
Permanecesse alguma promessa
Luz câmera ,intenção...
Nasce a noite até acima dos tristes ou dos mortos
vivos para amanhecer novas esperanças
Salve vossa majestade o
mar!!! Poema maior não há...
Pô-ema! Ema Ema Ema
Nas Nuvens
transeuntes
Nos
Cinemas de rua
Nas
Estátuas e nas pulgas
E até na
literatura
Poesia para qualquer lado
Latente
Assim
Sendo
interminável como as frases do Mário Quintana ...
poema não morre é nunca
Pô –
amemo -nos !
....
DORES DOS NÃO AMORES
Vazou
Pelo
poro
À noite
Lúcida
, tátil, isolada
Até
madrugada revelar-se oásis da boca seca
Nada
vezes nada e multiplicado por talvez é igual a todas as
possibilidades, antes que sol revele a dor de acordar sem amar , nem
amanhã ….
RIO
Fez
amor platônico com o branco daqueles
dentes
à
deriva
Sem diálogo
E
apesar do diabo
Fogo
é fato consumado
Cada
virilha uma ilha em chamas
Não
para!! não para!!! não para!!!
Sorri pra mim !!!
ILUSIONISTAS
Olha ...
Se
Medusa é toda ela...
Ou você, a pedra ...
Bruta ...
Pois É...
Não seria exatamente companhia estimulante para uma vodca, toda hora.
Acomodaria minhas pintas em seu sofá , certas vezes
Deitaria meus pés desnudos no colo de nosso silêncio mútuo, quase sempre....
E
Você leria Dom Quixote só para mim
Você leria Dom Quixote só para mim
Quem sabe faríamos belezas a quatro mãos
E em alguma parte ficássemos intactos como pintura na parede da história , sem dor em lembrança alguma ....
E em alguma parte ficássemos intactos como pintura na parede da história , sem dor em lembrança alguma ....
TANTO
Te procurei em todo poema
Nos sambas
E entre algumas sombras
Não sabia seu rosto
Só um prenúncio do nosso cheiro
E assim feito a santa que inspira a prece
Quis te escrever em minha vida
Nos sambas
E entre algumas sombras
Não sabia seu rosto
Só um prenúncio do nosso cheiro
E assim feito a santa que inspira a prece
Quis te escrever em minha vida
PERTO DEMAIS
Acidente
contra parede
Nos seus bolsos, já sobra a luz fria de despedida
Enquanto eu sumo , por mais um segundo, nos seus braços profundos.....
PERTENCIMENTO
Era eu nas bocas
Nas ancas e nas panelas delas
Era eu na leitura do seu jornal de domingo
E nas cervejas depois do cinemas
Era eu no delírio da prisão em pleno trânsito paulistano
Era eu na cadela abandonada na sua rua
Na capela
No tiroteio
Na vela
... Na ambulância assim como nas abundâncias
Era eu
Inteira
Em seu olhar
Nas ancas e nas panelas delas
Era eu na leitura do seu jornal de domingo
E nas cervejas depois do cinemas
Era eu no delírio da prisão em pleno trânsito paulistano
Era eu na cadela abandonada na sua rua
Na capela
No tiroteio
Na vela
... Na ambulância assim como nas abundâncias
Era eu
Inteira
Em seu olhar
AMOR AOS PEDAÇOS
Muitas cabeças na volta da mesa
Só uma goiabada...
Calo
Uma palavra feriu minha face
Sangrei da boca para dentro
Sozinha
Fui eu quem a disse
E este infelizmente é para sempre.
NANANANANAN
Passando um tempo
Antes de
Num sofá encardido ouviram ópera e
comeram pêra, só porque não encontram tesão na feira...
Passando um tempo
Antes de
Num sofá encardido ouviram ópera e
comeram pêra, só porque não encontram tesão na feira...
ACIDENTE
Aquela mulher morreu outra vez!
Nem de sede, nem de fome
O fim foi de abundância
Sorriu demais
Sem proteção.
LÍNGUAS
IRMÃS
Abraços rotos amanhecem rotos daqui a pouco em
Montevidéu, dia após dia, mal pendurados em varais de alta tensão
Afetos esquecidos se amontoam dentro do tênis
surrado dele e daquele, prestes a cair na cabeça de um mendigo descalço chamado Francisco
O pobre nada quer na falta de um tudo
Não pensa na morte
Nem no amor
Sua namorada foi atropelada
Não fala sobre Dostoiévisk
Não clama pelo pai, filho ou espíritos santos
Nem procura uma porta para deixar seus chinelos
Um pé de pimentas
Um prego para pendurar espelhos
Pó na paredes
Livros nos tapetes
Janelas sem vidros
Macarrão
Vinhos
Terra para plantar flor e limão
Vísceras
Coração
Dedos
Medos
Francisco não está nem aí para nada
Abandonou o desespero e a espera
Apenas vive livre da vontade
Não viu a carnificina estampada no jornal
Nem a cotação do dólar
Há dois sátiros presos no carrossel do parque de
diversões
Parecem felizes
Francisco não sabe
No desencontro de acontecimentos circulares o fio
da meada revela-se fim
Francisco aprendeu a apenas caminhar pelo dia
Às vezes tenta ajudar a senhora atravessar a rua,
mas ela teme ser assaltada
Troca sorrisos com um bêbe que passa, antes que o
pai se ofenda
Oferece uma moeda da outra esquina para uma
meretriz, que lhe torce o nariz
Acha graça em tudo, quando não chora de fome
Só nossas bocas são irmãs
SÓ RIA
Nada é tanto espanto
Deixa ventar entre os dentes...
GULA
E então aconteceram bolhas no céu daquela boca
Universos paralelos, os dias explodiram um a um acima da língua
Horas insaciáveis
O tempo escorreu correndo goela abaixo do guloso
O tempo escorreu correndo goela abaixo do guloso
Aquele nunca gostou de comer peru assado, mas desejou secretamente beber um rio
Quis também engolir o tal jardim
E almejar assim esquentou suas carnes ao ponto de sobrar só saliva queimada...
SER DE LÁ
No sertão poema é bode na lata
Rapadura de requeijão, bicileta com rádio e raibam
Matula de baiano é o benzimento
Menino ungido de dendê carece não de chocalho
Nasce "aprendido"
Quase "sabido" de assoviar
Escrever é mais difícil pros bichinhos onde
professora, quando vem, escreve na lousa é com a unha
Com sorte um e outro entende que B com R mais A é
Bra e S com I e L é Sil
Bra- sil
ochente!
BARRIGA VAZIA
Sai daqui poema perneta!
Nem vem com este verso pirado
Deixa de ser pernóstico
De poesia paranóica o universo cibernético tá
cheio
O sujeito faminto sabe que esta tal de sua poesia é fome homi ....
CONSIDERAÇÕES
A sós comigo posso afagar meus pés cansados com atenções inteiras
Ou fazer boa companhia às minhas orelhas
Até rir bem alto de todo resto
NUNCA
A cidade secou
Tempestade destruiu o copo d´água
CORAÇÕES SUJOS
Uma palavra de amor sem perfume caíu do peito de
um sujeito
Escorregou fétida pelo meio fio
Ladeou bueiros do caminho
Inútil feito a prosódia do bandido que falava
latim
Feia e fedida existia à contragosto de uns e outros
Assim era o mundo naquele tempo
O importante era a embalagem do sabonete e ponto.
GRAÚDA
Tadinha!
Tão bonita. Tão repleta.
Queria ter pernas de gansa
Chamava de feiúra suas avantajadas ancas
Quantas besteiras
Comer mamão com açucar também não podia
Tadinha!
Tão bonita. Tão repleta.
Abriria mão do encanto de suas tenras bochechas
Para o desgostos de marmanjos de norte a sul
Até passou a pão e água a desnaturada
Tadinha!
Tão bonita. Tão repleta.
Ensinada que mulher boa é a conterrânea de
existência murcha e seca...
oh dó!
FALTA DE PRIVACIDADE
Caótica e pouco cuidadosa vagou pela vida como quem vai cegamente de uma promessa para uma profecia
Fulana não perdeu mais, pois não possuía
De tudo houve, exceto um pouco suficiente de paz
Algumas palavras lhe serviram de ilhas, durante as férias de 1999
A pele prenha de rugas gestava um pedaço da morte
Não pariu
Nem quis
Criava uma pata
E quatro plantas
...
Fulana não perdeu mais, pois não possuía
De tudo houve, exceto um pouco suficiente de paz
Algumas palavras lhe serviram de ilhas, durante as férias de 1999
A pele prenha de rugas gestava um pedaço da morte
Não pariu
Nem quis
Criava uma pata
E quatro plantas
...
Tinha como outro hábito diário comer ovos de codorna
Soube pela boca do atendente da padaria que já era senhora
Nem deu tempo de declarar-se borboleta, nos anos a fio em que foi açoitada por impostos
Para navegar sobre seus desgostos precisava só de versos
Seu parto foi com fórceps
Seu escritor favorito foi Bukowski
Seu fim foi de uísque
Oficialmente matou o tempo como órfã e funcionária pública
Até que um único amigo encontrou a pasta preta repleta de provas
Era poeta, a pobre coitada
Hoje é famosa
Póstuma.
Soube pela boca do atendente da padaria que já era senhora
Nem deu tempo de declarar-se borboleta, nos anos a fio em que foi açoitada por impostos
Para navegar sobre seus desgostos precisava só de versos
Seu parto foi com fórceps
Seu escritor favorito foi Bukowski
Seu fim foi de uísque
Oficialmente matou o tempo como órfã e funcionária pública
Até que um único amigo encontrou a pasta preta repleta de provas
Era poeta, a pobre coitada
Hoje é famosa
Póstuma.
CHORO
EM FRANCÊS
Ai que saudades do fim da minha vida
Quando tomarei de volta a fio da meada
E o desconhecimento, tão santo, da estrada
Com sorte chego satisfeita no absoluto nada
Nas ruas sobreviverá umidade e cheiro de coito de aves
Quando tomarei de volta a fio da meada
E o desconhecimento, tão santo, da estrada
Com sorte chego satisfeita no absoluto nada
Nas ruas sobreviverá umidade e cheiro de coito de aves
Em Paris também se morre
Nenhuma beleza é imune, seja na puta
que pariu ou na Pensilvânia
Tudo das vistas some
Pardon , mesdames e messieurs
LAGOA ( poema canção 01)
Na aridez da cidade , quando toda hora tem frio
giro em falso na valsa.......
Invento uma mentira de amor para a lua
Alguma neurose evita paulatinamente o surto
Enquanto me iludo acordada ...
giro em falso na valsa.......
Invento uma mentira de amor para a lua
Alguma neurose evita paulatinamente o surto
Enquanto me iludo acordada ...
Há em mim uma noite sem fim , nestas duas da madrugada ...
Esta sede chamada saudade, que alaga ...
Esta sede chamada saudade, que alaga ...
Me invento água para benzer a miragem do seu corpo , antes que o dia tudo esclareça
E a alma amanheça lavada ...
E a alma amanheça lavada ...
Inevitável como primeiro beijo , o sol nascerá sobre a lagoa
E desta vez pode ser para sempre...
E desta vez pode ser para sempre...
Há em mim uma noite fim ,
nestas duas da madrugada
Esta sede chamada saudade , que alaga ...
nestas duas da madrugada
Esta sede chamada saudade , que alaga ...
MEIO FIO ( poema canção 2)
É que o relógio de toda praça marca sua ausência ...
E as estátuas riem por nada , na nossa cara
Ninguém mais tem tempo para chorar...
Melhor assim ...
Mas machucou, antes mesmo de doer ...
Esta distância das nossas melhores intenções , que agora boiam na sujeira do meio fio....
Ânsia e vômito ...
Esta distância das nossas melhores intenções , que agora boiam na sujeira do meio fio....
Ânsia e vômito ...
Afinal quem fomos ?
Quando? Onde? Como ?
Sem porquê ...
Quando? Onde? Como ?
Sem porquê ...
Já parimos o sol entre os umbigos
Já tocamos o céu das bocas
Reunimos nossas línguas em uníssono gemido
Rimos irreversivelmente
Fomos para sempre juntos, até nas esquinas de ninguém ...
Fatos inconsumíveis ...
Fogo sem artifício ...
Já tocamos o céu das bocas
Reunimos nossas línguas em uníssono gemido
Rimos irreversivelmente
Fomos para sempre juntos, até nas esquinas de ninguém ...
Fatos inconsumíveis ...
Fogo sem artifício ...
Mas machucou, antes mesmo de doer ...
Esta distância das nossas melhores intenções , que agora boiam na sujeira do meio fio....
Ânsia e vômito ...
Esta distância das nossas melhores intenções , que agora boiam na sujeira do meio fio....
Ânsia e vômito ...
O coreto continua à espera do amor, no bastidor da cena
As pombas alheias ao desejo permanecem ali em paz , rodeando milho , entre voos rasos
E nós fingimos não saber....
E sabemos ...
As pombas alheias ao desejo permanecem ali em paz , rodeando milho , entre voos rasos
E nós fingimos não saber....
E sabemos ...
Mas machucou, antes mesmo de doer ...
Esta distância das nossas melhores intenções , que agora boiam na sujeira do meio fio....
Ânsia e vômito ...
Esta distância das nossas melhores intenções , que agora boiam na sujeira do meio fio....
Ânsia e vômito ...
QUEDA LIVRE
Em cada buraco no asfalto sobrevive um abandono
Sem pai
Sem mãe
Sem filho
Quem mira onde pisa
desvia
Quem avista o céu caí em poço sem fundo, onde
sempre caberá afinal outro equívoco
BURACO RASO
Um raio partiu a tarde ao meio
De um lado ficou a solidão
De outro o sonho
No imenso vão coube de um tudo....
DESCONHECIMENTO
Morremos sucessivamente em cada história de amor que não doamos ao mundo. No vão das impossibilidades desejamos secretamente um intervalo para acomodar discretamente tanta solidão. Pelo menos uma utopia na janela. Talvez a beleza do cotidiano, cujo parapeito leve finalmente ao infinito. Então amar seria paisagem instigante o bastante. Livre da estória da carochinha. Rezaríamos todos os dias pelas criaturas que fazem amor. Na esperança de que resgatassem o sagrado sugado pelo vivido.
Acontece que no escambo da humana impermanência pela eternidade do querer misturamos nosso medo às pressas, hoje em dia.
Viver talvez consista numa experiência volátil, que se concretiza só pela ficção do tato. Na fricção das ilusões perdidas, com os sonhos restantes. De repente o amante gostaria de nunca ter começado. Há uma tristeza impune nesse sentir incontido. A certeza do fim, num amanhã que nunca esperamos, pois todo caso de amor vive da utopia de sempre resistir.
VORAZ
Teu olhar faminto engoliu minhas fomes
Fiquei a mendigar vontades, na porta de templos pagãos
Fiquei a mendigar vontades, na porta de templos pagãos
Tuas pupilas saquearam minha paz e minha guerra
Emprestei um vestido para guardar a pele, qual fruta descascada amarelada no tempo
Feito o papel velho das palavras nunca ditas
A palidez de versos abortados
O tempo sangrado do relógio
Enquanto
Eu guardava pêras maduras no sutiã, para te dar de manhã
OLHOS FECHADOS
Teus olhos são mangas rosas
Eu guardava pêras maduras no sutiã, para te dar de manhã
OLHOS FECHADOS
Teus olhos são mangas rosas
Têm Chaplin, Baudelaire e Macunaíma
Numa só rima
Hoje acordei à deriva
Só , com seus óculos
Cega, num corpo deserto
Sábado perdido, entre uma sexta qualquer e outro domingo
Feito outra rima besta
Equivocada
SENTIDO
Equivocada
SENTIDO
Minha pele não cabe na palma da tua mão
,
então só coça meus pêlos eretos
e para de disfarçar quando vi tuas certezas arrepiarem ....
VESTÍGIOS DE VERTIGENS
então só coça meus pêlos eretos
e para de disfarçar quando vi tuas certezas arrepiarem ....
VESTÍGIOS DE VERTIGENS
Hoje reparei um buraco na parede da minha mente.
Nele exergo o tempo sangrar lentamente dentro dos dias.
PRESA FÁCIL
Solta minha mão maldita ilusão!
Não vou à lugar algum sem você
Nasci com o despudor das musas para ser sua Maria
CANTIGA DE NINAR
Queria morrer de rir
Lá nos confins de mim
Onde até a morte pode ser igual a colo de vó
Pode ser chá quente, em noite de trovão
Ah Se ela fosse até um tanto bonita
Poente
Chegasse mansa qual velha eu faria amizade
Se me convencesse, em silêncio, que não preciso temer outras aventuras curió sorriria
Largaria meu corpo, qual sorvete derretendo ao sol
Queria que ela me matasse as saudades das belezas da minha vida toda, num instante
E me ninasse longe dos sustos dos soluços
Ela me prometeria a vida eterna
E a companhia de quem foi antes
Ah! Se eu pudesse não saber
Que da morte nada se quer
*** Poema premiado pelo Centro de Poesia e Arte e pela Academia Campinense de Letras. Medalha de Prata no concurso Guilherme de Almeida que reuniu centenas de escritores de todo o estado de São Paulo
acesse também: www.contosdecarolinna.blogspot.com.br/ www.paocompoesiadacarolina.blogspot.com.br / www.poemanaveiaemciclo.com.br/ www.mostrasdecaleidoscópio.blogspot.com.br
Lançamento do livro autoral Um Amigo Diferente na Livraria da Vila - Vila Madalena - SP - 2014: